12.23.2007

.Gostar

Vocês, pessoas que não são eu, podem não saber o que quero dizer com “gostar”. Os homens que não são eu, em particular, podem pensar que estou falando de sexo: “tenho tesão por várias pessoas mas não quero magoar quem eu gosto”, um dilema clássico. Não é disso que estou falando, não é este o meu problema. Em quase cinco anos de monogamia nunca senti necessidade de outra mulher; uma só me basta, desde que criativa. Não, caros colegas de testosterona, o problema não está na cabeça de baixo, está na de cima, ou em algo no caminho entre as duas, sei lá. “Gostar”, gostar em que sentido? Sabe aqueles cartõezinhos überbregas tipo “amar é”? Querer estar junto, querer conversar? Ficar feliz o resto do dia só de tê-la visto? Desejar mais o bem dela do que o seu próprio? Ter sede de toque, de andar de mãos dadas no parque, de assistir cinema abraçados, deixá-la dormir no ombro? Sorrisão na cara, pernas bambas, agir feito bobo, ficar ouvindo música romântica? É fácil não abraçar, não beijar, não ir pra cama. O que não consigo é não me apaixonar, e Deus sabe como me apaixono fácil (o Deus protetor dos ateus, naturalmente).

Dito assim parece tão inocente. Caso você seja um alienígena ou uma IA que criou consciência, talvez não consiga nem perceber como este sentimento é perigoso, como ele explode exponencialmente em um câncer de sofrimento.


.o .amor .é .horr?vel

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