7.03.2007

.Amar 4

E se você gostar muito de uma pessoa, e outra vem a sua porta e diz; “deixa-me entrar.”? Você bate com a porta na cara dessa pessoa dizendo; “Não! Saia! Sou egoísta! Apenas o amor que eu sinto por aquela pessoa que me importa”.
A pessoa a tua porta para, pensa e se vai...
Sabe-se lá por quanto tempo. Deixando para traz um universo de possibilidades, sonhos e desejos...
E nós, irmãos de hipocrisia, lhe privamos de seu coração.
Nós brandimos nossa espada intitulada Amor, que na verdade é um escudo chamado medo.
Esta pessoa, que lhe bate a porta, sim, estava com a verdadeira espada. Esta sim, enfrentou os dragões da insegurança e adentrou verdadeiramente no castelo da vida! Por que só se vive quando se ama, e só se ama quando não há mais o medo de se ferir. Pois amar é se ferir. Ferir muito, e ser ferido em dobro. E somos todos masoquistas nessa dança que não ditamos o ritmo.
O ritmo...
Ah, o ritmo, que nos leva à porta do próximo. Que nos leva com o coração na mão, lágrimas nos olhos e por mais corajosos que sejamos, faz com que nossas pernas tremam.
Chegamos à porta. Batemos. Quando o próximo chega, nós lhe abrimos a alma e lhe confessamos os pecados sombrios que nos acerca do amor.
Ele, o próximo, nos olha e diz algo como; “Não. Meu coração pertence a outro que não me ama. E devo deixá-lo aqui em meu peito eternamente, eternamente morto”.
Nós saímos de sua porta, nesse ponto já chorando (no meu caso, choro muito), e caímos na rua, onde os cães nos fazem companhia, onde aqueles que conseguiram a satisfação máxima, que é ser bem recebido à porta do próximo, nos dão as migalhas de seu tudo. Esse tudo é o Amor-Compartilhado. Algo que para mim é nada, pois nunca o tive, e nunca o terei!
Andamos um quarteirão inteiro, depois dois, três...
Andamos bairros, municípios, cidades à procura de uma casa que tenha a porta aberta, mesmo que por descuido. Para podermos entrar, entrar e mostrar ao seu dono que podemos cuidar de casa juntos. E se ele aceita, é uma festa na casa, o baile do amor!
Mas geralmente não é assim. As portas estão fechadas e trancadas! E as poucas portas abertas, são apenas para festas. Quando a bebida acaba, todos são despejados, e a porta se fecha novamente.
Nosso destino? A rua!
Vagamos como parias que não evoluíram com o mundo. Não somos civilizados, somos o lixo. Somos os romancistas antigos, trancados e esquecidos num velho baú em casa, baú esse que quando começa a atrapalhar, jogamos fora.
E a noite cai. Há poucas casas onde as famílias estão reunidas. São poucas, e ninguém liga para isso!
Seguimos na estrada. O nosso Tao diário. Sem agasalho, companhia (exceto os cães), apenas conosco. Para alguns falta até isso.
Eu olho na minha estrada. Uma placa;
“PARE”.
Eu reparo que estou sozinho. Não há casas próximas, nem pessoas, até os cães já se foram, e o mais aliviador; minha estrada está acabando.
Levanto minhas mãos e me ajoelho, agradeço ao deus por nunca ter olhado para traz. Por nunca me arrepender de ter entrado na rua errada.
Na verdade, não existem ruas erradas, elas são apenas ruas. Nós é que somos errados, nós que adentramos na rua na hora errada, na casa errada com a pessoa errada (por mais certa que ela possa parecer).
Mas nada disso vai me importar mais.
Eu dou dois passos e a estrada acaba.

“No dia do meu aniversário, me sinto como o Oceano para um cego”.
20/09/05 aula de biologia

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