Estive ouvindo uma amiga ao telefone – sim, Eu ouço as pessoas no telefone – enquanto ela falava com sua filha. A conversa consistia basicamente no fato de alguns amigos da filha desta estarem a se mudar.
A filha, muito triste pelo fato, devia estar a chorar no telefone enquanto falava com sua mãe.
Chocou-me um fato nessa conversa. Essa mão disse à sua filha: “Você não deve ser pessimista e pensar no mal que pode acontecer a eles. Deve ter em mente sempre as coisas boas que, com certeza, virão a ocorrer. O pessimismo não leva a nada”.
Oponho-me a isto e declaro para todos os que lerem estas palavras: O pessimismo fortalece! Não há porque de se ficar com esse ponto de vista ultrapassado e que nos foi imposto pela sociedade cristã.
Empós de muito tempo sofrendo com esse otimismo barato chegou a hora de dizermos o quão espezinhável ele é.
Imaginem-se com dez anos – isso é claro se você os não tiver – à esperar seus pais que estão a viajar de avião. Você – como bom esquizofrênico – estará a divagar sobre mil risos que darão e outros momentos de alegria que – pelo menos em sua mente – virão a acontecer. Mas de repente, não mais que de repente, você liga a televisão e vê o avião de seus pais em chamas, numa matéria sensacionalista barata, dum programa policial barato.
Pronto. Agora pense comigo, o que será de você depois de tudo isso? O que passará pela sua cabeça, depois que todos os seus sonhos se queimaram com um avião? É claro que você não será uma criança normal. Imaginem, depois disso tudo, você ganhar um aviãozinho de brinquedo de uma professora primária desatenta! Salvo exceções, é claro.
Reparem que no cotidiano é assim. Você planeja um dia inteiro de divertimento no parque e é surpreendido com uma chuva, tenta chegar mais cedo e pega transito. É sempre assim! Nossa alegria é destroçada por uma força maior chamada acaso. Essa mudança é brusca e pode até matar.
Já pensou você pular de bunge-jump e, por acaso, a corda arrebenta?
No caso – não acaso - do pessimismo, você já estaria a dois passos à frente com relação à corda. Pensaria antes que ela pudesse estourar e não pularia. Não faria planos impossíveis, de um futuro incerto, com pessoas emendáveis.
Tranquemo-nos em nossas bolhas de plástico e livramo-nos do acaso. Venham para o mundo dos que prevêem os erros e não caem na cilada do destino.
Esse é o meu mundo. O mundo das pessoas que não tem coragem de caminhar – só escrevo por estar sozinho – e não precisar encarar os sorrisos das pessoas na cidade. Que caminham, erram, choram, riem. Não são como Eu e este meu vício, esta minha esquizofrenia barata, misturada com a insônia insaciável.
Vivo, mas vivo apenas na minha cabeça; nos meus delírios.
Talvez esteja na hora de todos nós acordarmos desse sonho e começarmos – recomeçarmos, principalmente – a caminhar. Soltar-se do mundo da fantasia e voltar para a terra dos que amam e morrem.
É muito difícil escrever isso, porque é provável que Eu seja o mais doente entre todos.
03/11/05 22h35’
.o .amor .é .horr?vel
A filha, muito triste pelo fato, devia estar a chorar no telefone enquanto falava com sua mãe.
Chocou-me um fato nessa conversa. Essa mão disse à sua filha: “Você não deve ser pessimista e pensar no mal que pode acontecer a eles. Deve ter em mente sempre as coisas boas que, com certeza, virão a ocorrer. O pessimismo não leva a nada”.
Oponho-me a isto e declaro para todos os que lerem estas palavras: O pessimismo fortalece! Não há porque de se ficar com esse ponto de vista ultrapassado e que nos foi imposto pela sociedade cristã.
Empós de muito tempo sofrendo com esse otimismo barato chegou a hora de dizermos o quão espezinhável ele é.
Imaginem-se com dez anos – isso é claro se você os não tiver – à esperar seus pais que estão a viajar de avião. Você – como bom esquizofrênico – estará a divagar sobre mil risos que darão e outros momentos de alegria que – pelo menos em sua mente – virão a acontecer. Mas de repente, não mais que de repente, você liga a televisão e vê o avião de seus pais em chamas, numa matéria sensacionalista barata, dum programa policial barato.
Pronto. Agora pense comigo, o que será de você depois de tudo isso? O que passará pela sua cabeça, depois que todos os seus sonhos se queimaram com um avião? É claro que você não será uma criança normal. Imaginem, depois disso tudo, você ganhar um aviãozinho de brinquedo de uma professora primária desatenta! Salvo exceções, é claro.
Reparem que no cotidiano é assim. Você planeja um dia inteiro de divertimento no parque e é surpreendido com uma chuva, tenta chegar mais cedo e pega transito. É sempre assim! Nossa alegria é destroçada por uma força maior chamada acaso. Essa mudança é brusca e pode até matar.
Já pensou você pular de bunge-jump e, por acaso, a corda arrebenta?
No caso – não acaso - do pessimismo, você já estaria a dois passos à frente com relação à corda. Pensaria antes que ela pudesse estourar e não pularia. Não faria planos impossíveis, de um futuro incerto, com pessoas emendáveis.
Tranquemo-nos em nossas bolhas de plástico e livramo-nos do acaso. Venham para o mundo dos que prevêem os erros e não caem na cilada do destino.
Esse é o meu mundo. O mundo das pessoas que não tem coragem de caminhar – só escrevo por estar sozinho – e não precisar encarar os sorrisos das pessoas na cidade. Que caminham, erram, choram, riem. Não são como Eu e este meu vício, esta minha esquizofrenia barata, misturada com a insônia insaciável.
Vivo, mas vivo apenas na minha cabeça; nos meus delírios.
Talvez esteja na hora de todos nós acordarmos desse sonho e começarmos – recomeçarmos, principalmente – a caminhar. Soltar-se do mundo da fantasia e voltar para a terra dos que amam e morrem.
É muito difícil escrever isso, porque é provável que Eu seja o mais doente entre todos.
03/11/05 22h35’
.o .amor .é .horr?vel