7.25.2007

.Apontamentos

Estive ouvindo uma amiga ao telefone – sim, Eu ouço as pessoas no telefone – enquanto ela falava com sua filha. A conversa consistia basicamente no fato de alguns amigos da filha desta estarem a se mudar.
A filha, muito triste pelo fato, devia estar a chorar no telefone enquanto falava com sua mãe.
Chocou-me um fato nessa conversa. Essa mão disse à sua filha: “Você não deve ser pessimista e pensar no mal que pode acontecer a eles. Deve ter em mente sempre as coisas boas que, com certeza, virão a ocorrer. O pessimismo não leva a nada”.
Oponho-me a isto e declaro para todos os que lerem estas palavras: O pessimismo fortalece! Não há porque de se ficar com esse ponto de vista ultrapassado e que nos foi imposto pela sociedade cristã.
Empós de muito tempo sofrendo com esse otimismo barato chegou a hora de dizermos o quão espezinhável ele é.
Imaginem-se com dez anos – isso é claro se você os não tiver – à esperar seus pais que estão a viajar de avião. Você – como bom esquizofrênico – estará a divagar sobre mil risos que darão e outros momentos de alegria que – pelo menos em sua mente – virão a acontecer. Mas de repente, não mais que de repente, você liga a televisão e vê o avião de seus pais em chamas, numa matéria sensacionalista barata, dum programa policial barato.
Pronto. Agora pense comigo, o que será de você depois de tudo isso? O que passará pela sua cabeça, depois que todos os seus sonhos se queimaram com um avião? É claro que você não será uma criança normal. Imaginem, depois disso tudo, você ganhar um aviãozinho de brinquedo de uma professora primária desatenta! Salvo exceções, é claro.
Reparem que no cotidiano é assim. Você planeja um dia inteiro de divertimento no parque e é surpreendido com uma chuva, tenta chegar mais cedo e pega transito. É sempre assim! Nossa alegria é destroçada por uma força maior chamada acaso. Essa mudança é brusca e pode até matar.
Já pensou você pular de bunge-jump e, por acaso, a corda arrebenta?
No caso – não acaso - do pessimismo, você já estaria a dois passos à frente com relação à corda. Pensaria antes que ela pudesse estourar e não pularia. Não faria planos impossíveis, de um futuro incerto, com pessoas emendáveis.
Tranquemo-nos em nossas bolhas de plástico e livramo-nos do acaso. Venham para o mundo dos que prevêem os erros e não caem na cilada do destino.
Esse é o meu mundo. O mundo das pessoas que não tem coragem de caminhar – só escrevo por estar sozinho – e não precisar encarar os sorrisos das pessoas na cidade. Que caminham, erram, choram, riem. Não são como Eu e este meu vício, esta minha esquizofrenia barata, misturada com a insônia insaciável.
Vivo, mas vivo apenas na minha cabeça; nos meus delírios.
Talvez esteja na hora de todos nós acordarmos desse sonho e começarmos – recomeçarmos, principalmente – a caminhar. Soltar-se do mundo da fantasia e voltar para a terra dos que amam e morrem.
É muito difícil escrever isso, porque é provável que Eu seja o mais doente entre todos.

03/11/05 22h35’

.o .amor .é .horr?vel

7.12.2007

.Amar 5

Frases. Frases rápidas e sem sentido certo. É apenas isso que passa pela minha cabeça.
A confusão deliciosa, provocada pelo espanto que você causou, passeia pela minha casa. Passa pelo meu quarto e sala, está no meu corpo e por isso sinto vontade de me cortar por inteiro. Só para que tudo que é seu em mim, saia.
Sim. Sair de mim!
Lembrar do seu nome me dá lástima – sinto até enjôo -. Você era chefe de meu coração, mas agora está lá, jogada para os ratos e o pior; por vontade própria. Seu sorriso, razão fundamental do meu viver, hoje se tornou mais cinza, amarelo, se tornou mais inútil.
Fico realmente triste – quis até chorar com uma amiga – mas o ego se sobressai e Eu até minto para ti...
Sim. Verdadeiramente você me decepcionou. Pegou-me no alto e me derrubou, ou melhor, você que estava no mais alto patamar do meu carinho, agora cai de cara contra o chão.
Eu saio triste – certo que te amo -, mas sei que passará.
Torço para que a cena do teu vício seja apenas fruto da minha esquizofrenia, pois só assim o Meu vício se amenizará.
Meu vício?
O amor.

06/10/05 12h34’

7.03.2007

.Amar 4

E se você gostar muito de uma pessoa, e outra vem a sua porta e diz; “deixa-me entrar.”? Você bate com a porta na cara dessa pessoa dizendo; “Não! Saia! Sou egoísta! Apenas o amor que eu sinto por aquela pessoa que me importa”.
A pessoa a tua porta para, pensa e se vai...
Sabe-se lá por quanto tempo. Deixando para traz um universo de possibilidades, sonhos e desejos...
E nós, irmãos de hipocrisia, lhe privamos de seu coração.
Nós brandimos nossa espada intitulada Amor, que na verdade é um escudo chamado medo.
Esta pessoa, que lhe bate a porta, sim, estava com a verdadeira espada. Esta sim, enfrentou os dragões da insegurança e adentrou verdadeiramente no castelo da vida! Por que só se vive quando se ama, e só se ama quando não há mais o medo de se ferir. Pois amar é se ferir. Ferir muito, e ser ferido em dobro. E somos todos masoquistas nessa dança que não ditamos o ritmo.
O ritmo...
Ah, o ritmo, que nos leva à porta do próximo. Que nos leva com o coração na mão, lágrimas nos olhos e por mais corajosos que sejamos, faz com que nossas pernas tremam.
Chegamos à porta. Batemos. Quando o próximo chega, nós lhe abrimos a alma e lhe confessamos os pecados sombrios que nos acerca do amor.
Ele, o próximo, nos olha e diz algo como; “Não. Meu coração pertence a outro que não me ama. E devo deixá-lo aqui em meu peito eternamente, eternamente morto”.
Nós saímos de sua porta, nesse ponto já chorando (no meu caso, choro muito), e caímos na rua, onde os cães nos fazem companhia, onde aqueles que conseguiram a satisfação máxima, que é ser bem recebido à porta do próximo, nos dão as migalhas de seu tudo. Esse tudo é o Amor-Compartilhado. Algo que para mim é nada, pois nunca o tive, e nunca o terei!
Andamos um quarteirão inteiro, depois dois, três...
Andamos bairros, municípios, cidades à procura de uma casa que tenha a porta aberta, mesmo que por descuido. Para podermos entrar, entrar e mostrar ao seu dono que podemos cuidar de casa juntos. E se ele aceita, é uma festa na casa, o baile do amor!
Mas geralmente não é assim. As portas estão fechadas e trancadas! E as poucas portas abertas, são apenas para festas. Quando a bebida acaba, todos são despejados, e a porta se fecha novamente.
Nosso destino? A rua!
Vagamos como parias que não evoluíram com o mundo. Não somos civilizados, somos o lixo. Somos os romancistas antigos, trancados e esquecidos num velho baú em casa, baú esse que quando começa a atrapalhar, jogamos fora.
E a noite cai. Há poucas casas onde as famílias estão reunidas. São poucas, e ninguém liga para isso!
Seguimos na estrada. O nosso Tao diário. Sem agasalho, companhia (exceto os cães), apenas conosco. Para alguns falta até isso.
Eu olho na minha estrada. Uma placa;
“PARE”.
Eu reparo que estou sozinho. Não há casas próximas, nem pessoas, até os cães já se foram, e o mais aliviador; minha estrada está acabando.
Levanto minhas mãos e me ajoelho, agradeço ao deus por nunca ter olhado para traz. Por nunca me arrepender de ter entrado na rua errada.
Na verdade, não existem ruas erradas, elas são apenas ruas. Nós é que somos errados, nós que adentramos na rua na hora errada, na casa errada com a pessoa errada (por mais certa que ela possa parecer).
Mas nada disso vai me importar mais.
Eu dou dois passos e a estrada acaba.

“No dia do meu aniversário, me sinto como o Oceano para um cego”.
20/09/05 aula de biologia